Livro : Dialética da autogestão em empresas recuperadas por trabalhadores no Brasil
Marília : Lutas Anticapital
(orgs) Fernanda Santos Araújo, Vicente Nepomuceno, Flávio Chedid Henriques, Vanessa Moreira Sígolo, Lucca Pérez Pompeu, Tarcila Mantovan Atolini, 2019
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Summary :
As experiências de recuperação de empresas são manifestações de resistência das classes trabalhadoras e populares que marcaram e marcam a história da luta de classes em diversos países até a atualidade. Expressão do enfrentamento ao desemprego, à miséria e a formas capitalistas de exploração do trabalho, suas origens remontam às lutas associativistas do início da Revolução Industrial. Nessas experiências, trabalha- dores e trabalhadoras têm colocado em prática, muitas vezes sem uma formulação clara do processo e dos significados de sua ação, novas relações de trabalho associativas, que se diferenciam das relações patrão-empregado e do assalariamento. Essas novas relações de trabalho têm sido identificadas com o conceito de autogestão, que se refere a um conjunto amplo de experiências de trabalho associado e de auto-organização dos trabalhadores, com variadas origens, características e formas de organização. Uma de suas manifestações são as chamadas empresas recuperadas por trabalhadores (ERTs).
Apesar de marginal frente ao processo hegemônico do sistema capitalista, a luta por autogestão dos trabalhadores pela recuperação de empresas compõe – resgatando a expressão usada por E. P. Thompson (1987) em seu estudo seminal sobre o movimento operário inglês – o “fazer-se” da classe trabalhadora na história. Parte do conjunto de lutas dos trabalhadores, as ERTs, como alguns estudos apontam, constituem uma prática concreta de resistência e ação direta, na qual trabalhadores e trabalhadoras buscam se tornar sujeitos de experiências coletivas, portadoras de inovações nas relações sociais de produção e de trabalho.
No Brasil, as primeiras experiências de ERTs surgiram nos anos 1980 e multiplicaram-se com maior intensidade nos 1990, em meio à grave crise econômica do período, relacionada à abertura do mercado nacional