A reciprocidade e a instituição plural de mercados: um prisma para entender o papel histórico da Economia Social e Solidária
Nova Economia, V.31 n.1 (2021)
Luiz Inácio Gaiger, julio 2021
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Resumen :
Este artigo objetiva demonstrar que um dos papéis históricos da Economia Social e Solidária está vinculado à preservação de sistemas de vida e organizações socioeconômicas distintas da economia de mercado, ao se constituírem como sociedades de pessoas, lastreadas em relações sociais vinculantes. Os elementos empíricos em favor dessa tese provêm de estudos em diversas regiões e continentes, enquanto seus fundamentos teóricos assentam-se nas contribuições seminais de Karl Polanyi e Marcel Mauss, as quais nos permitem entender como uma pluralidade de princípios determina a atuação de empresas e estrutura os sistemas econômicos. Argumenta-se que a Economia Social e Solidária se contrapõe à primazia do princípio de intercâmbio, base da sociedade de mercado, ao acionar o princípio da reciprocidade, com o qual institui outros processos de produção e circulação de bens. Assim, dá origem a uma multiplicidade de mercados, desfazendo as aparências de um mercado único e a crença em sua inevitabilidade.